Em pauta na Rio+20, a discussão sobre direitos indígenas à terra abre portas para que se pense sobre a cristalização de determinados conceitos na sociedade. O que é ser índio hoje?


A Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, trouxe à mídia um debate em torno dos direitos indígenas com relação à terra. Pouco antes do início do encontro, um decreto baixado pela presidente Dilma Rousseff homologou quase 1 milhão de hectares de terras a tribos de sete estados brasileiros.A notícia reacende um grande problema, que geralmente é deixado de lado: o que é ser índio hoje? Como se estivessem congelados no passado, exige-se desses grupos que se comportem como índios, vistam-se como índios, falem como índios. Mas de que índios estamos falando?
Em geral, a sociedade espera que os grupos indígenas sejam representantes de uma imagem cristalizada no passado. Com frequência, lemos comentários que acusam alguns grupos de usarem iphones, shorts, tênis ou mesmo chegarem à universidade. A imagem paralisada de um índio nu, com arco e flecha ou lança em punho, em meio a uma mata exuberante reina no senso comum. Dentro desta lógica, um índio que usa camisa de um time futebolístico deixa de ser um índio legítimo. Entretanto, esse índio no singular como um estereótipo ideal não existe, é uma falácia. 
A memória construída para os eles é algo que nos coloca diante deste problema muito presente, o essencialismo. Um bom exemplo disso talvez sejam as imagens que nossas crianças acabam por receber de quem seriam os indígenas ou talvez, na maior parte das vezes acabem por receber apenas uma visão singular do ‘índio’, com todo o apagamento da diversidade que o singular desta palavra pode conceder. Historiadores como Eunícia Fernandes e Luiz Grupione assinalam que os livros didáticos muitas vezes reforçam esta imagem de um índio preso ao passado. 
A lei 11645/2008 atualizou a lei 10639/2003 incluindo como obrigatório o ensino de história e cultura indígena nas escolas. Esta é uma boa forma para ensinarmos a nossas crianças, adolescentes e jovens um caminho de tolerância. Acredito que o ensino de história deve militar neste sentido: promover encontros, e abrir espaço para o reconhecimento da diferença como algo positivo.
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