Hoje na História:18 de outubro de 1984 - O samba perde Mano Décio da Viola. E o carnaval nunca mais foi o mesmo...

"O sambista que não tiver uma história para contar, uma história real, presenciada e compartilhada por ele, é um oportunista".
Mano Décio da Viola

Mano Décio da Viola, 75 anos, sambista, tocador de violão e cavaquinho, poeta, orgulho do Império Serrano e da música popular brasileira, grande contador de histórias, morreu no Sesi de Realengo, zona oeste do Rio, em decorrência de problemas circulatórios. Nos últimos tempos já estava doente e cansado, distante daquela vida social que o embalava. Uma grande multidão acompanhou o seu enterro no Cemitério do Irajá.
Sua morte empobreceu ainda mais a já desfalcada geração de poetas-compositores que assistiu ao alvorecer das escolas de samba.
Nascido a 14 de julho de 1909, na cidade baiana de Santo Amaro da Purificação, chamava-se Décio Antônio Carlos. Decerto, naquela ocasião, ninguém associaria este nome a um dos maiores compositores de escola de samba de todos os tempos. A chegada ao Rio aconteceu quando tinha pouco mais de um ano de idade. Primeiro morou nos Morros de Santo Antônio e do Castelo, no bairro do centro, que logo desapareceriam para dar lugar ao crescimento da Cidade. Mas, "cigano" que era, não demoraria a perambular por outros morros da cidade. Não necessariamente nesta ordem, viveu na Mangueira, Gamboa, Saúde, Salgueiro, São Carlos e sua preferida Serrinha - berço do seu glorioso Império Serrano, onde passaria a maior parte de sua vida - ... aprendendo coisas, conhecendo gente. Participou de rodas de batucada, acompanhou a formação de blocos em escolas, tornou-se membro da rica e nem sempre compreendida comunidade do samba daqueles tempos, os anos 20 e 30, que marcam o surgimento e a primeira infância do gênero de música popular mais carioca.
Teve intensa amizade com outros pioneiros do samba, como os irmãos Armando e Norberto Marçal, Alcebíades Barcelos, Ernani Silva, Manuel Ferreira, Silas de Oliveira e Cartola. Orgulhoso de sua trajetória, tão enriquecedora à cultura nacional, conquistou vários carnavais e colecionou notáveis composições em mais de meio século de atividade: "Olha, com todo respeito e carinho, é impossível enumerar..."
Autor de clássicos como Heróis da Liberdade e Exaltação à Tiradentes, tendo feito quase 500 músicas, já tinha 66 anos quando ganhou a oportunidade de gravar seus sucessos em sua própria voz. Foram poucos trabalhos: Exaltação a D. João VI (1972), compacto simples; Mano Décio da Viola (1973), LP; Mano Décio da Viola - Capítulo maior da história do samba (1974), LP; O lendário Mano Décio da Viola (1976); e O imperador(1978), LP.
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