Mato Grosso do Sul meu amor

Onildo Lopes dos Santos (*)

A edificação da identidade do povo sul-mato-grossense e sua valorização têm sido permanentemente buscadas. O ser humano tem a necessidade de pertencimento, explicam os cientistas. Assim, artistas, intelectuais e políticos desbravam esse empreendimento. Temos vários exemplos: Carlos Fábio e Nildo Pacito, dupla douradense, na ingênua composição “Meu Mato Grosso do Sul” evocam as belezas do pantanal e evidenciam o poeta Manoel de Barros e o compositor Zacarias Mourão, compositor do clássico “Pé-de-cedro”. O tereré, bebida muito consumida por aqui, ganha novos sabores e cores no poema “Teré”, do poeta Emmanuel Marinho. Além disso, os frutos do nosso cerrado se transformam em sorvetes e outras iguarias. Inegavelmente estamos produzindo nossa identidade cultural. Entretanto, cultura em sentido amplo não se resume a manifestações artísticas, mas também economia, política e organização social. Por isso, iremos debater, aqui, em rápidas pinceladas, a dimensão econômica e suas relações com o social e o político. Nesse aspecto, a contribuição da doutora em geografia, Silvana de Abreu, é reveladora. Pois a pesquisadora explica como o “jogo do desenvolvimento do Estado” transcorreu. Conforme a cientista, a nossa economia está baseada predominantemente na pecuária extensiva e na produção intensiva de soja e milho. Ela nos esclarece que essa estrutura produtiva é responsável pela produção de matérias primas para a agroindústria e produtos de exportação, como: grãos, carnes e minerais. Estes desencadearam processo de agroindustrialização regional, empreendido por unidades ditas modernas e de alta produtividade. Além disso, hoje o Estado já ocupa a quarta posição no ranking na produção álcool etanol e açúcar. Quais foram as consequências dessas opções econômicas adotadas nas últimas décadas pelas classes dominantes locais aliadas a grandes grupos nacionais e estrangeiros? A doutora citada responde: “(...) No âmbito do desenvolvimento do capitalismo no Estado e no Brasil e que beneficiou a acumulação e a valorização do capital, por um lado, fomentou a pobreza e a degradação ambiental e a busca da sobrevivência na informalidade, na contravenção (...)”. Além disso, pensamos que essa estrutura econômica é a base de sustentação dos políticos arrogantes e corruptos que sempre governaram o Estado. Por outro lado, paralelamente, nós, a classe trabalhadora e setores oprimidos (indígenas, remanescentes de quilombolas e tantos outros.) em nossos sonhos e em nossas práticas sociais buscávamos novos “padrões de sociabilidade humana”, em outras palavras, lutávamos por uma sociedade sem explorados e oprimidos e sem exploradores e opressores e, do ponto de vista ambiental, ecologicamente mais sustentável. Entretanto, delegamos, em um passado recente, a condução das nossas esperanças ao Partido dos Trabalhadores. Este, em aliança com os defensores do “status quo”, governaram o Estado por oito anos, mas fracassaram, pois as mudanças desejadas não vieram. Desses governos de conciliação de classes conduzido pelos petistas não há nada a comemorar e muito a lamentar porque após esse processo sindicatos se tornaram pelegos e os conservadores voltaram ao poder. Além disso, a reedição do discurso surrado do “Rumo ao desenvolvimento”, do senhor André Pucinelli deve ser debitada a essa malfadada experiência política levada a cabo pelos senhores Zeca, Tetila e tantos outros de triste memória. É verdade, enfim, que sempre encontramos dificuldades quase intransponíveis para construir lutas vigorosas contra os detentores do poder. Porém, o destino de nossa luta contra esse modelo econômico perverso, parece depender da redescoberta do caminho da luta pelas organizações da classe trabalhadora sul-mato-grossense. A Coordenação Nacional de Lutas (CONLUTAS), representada no Estado por inúmeros lutadores, empenha todas suas energias para reconstruir esse caminho.


(*) Professor, coordenador da Conlutas (Coordenação de Nacional de Lutas) e membro do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados). Para entrar em contato com o professor segue o email.: onildolopes@yahoo.com.br

2 comentários:

São Tantas Histórias disse...

Quando esbarrei (foi assim que eu li) neste artigo do professor Onildo,descobri o significado do amor pelo Ms. Espero que gostem... Um abraço a todos em especial ao professor por resumir tão bem o amor a nossa terra...

Anônimo disse...

Muito bem feito, parabéns ótimo trabalho