Paumari, o povo das águas

Não é de hoje que trabalho na Amazônia. Na última década participei de grandes expedições numa média de 3 a 4 viagens por ano, na maioria das vezes para regiões fora do contexto conhecido ou de fácil visitação. Por conta dos trabalhos geralmente científicos ou de ordem socioambiental, tive a honra em documentar espécies novas de plantas e animais em regiões desabitadas, assim como vivenciar a cultura e vida dos povos das florestas.
Os índios Paumari, o “Povo das Águas”, habitam casas flutuantes ou canoas cobertas de palha, vivem quase que exclusivamente em rios, lagos e áreas de várzea. Sua relação com ambientes e seres aquáticos transcende a simples sobrevivência; para esta etnia indígena, a água, os peixes e quelônios fazem parte de um cosmo que direciona a vida social do povo. Uma relação anímica com as águas facilmente observada em seu gesto diário mais simples: a forma como ‘flutuam’ em suas canoas. É simplesmente fantástico observar como os Paumari caminham nas pequenas embarcações onde vão pescar o maior peixe que habita as águas amazônicas: o pirarucu.

 Conhecido como “Rei das Águas”, um pirarucu pode chegar a 3 metros de comprimento e 200 quilos. Logicamente, peixes nesta dimensão estão cada vez mais raros, mas se ações como a Pesca Manejada de Pirarucu se proliferarem por todas as regiões amazônicas, é possível pensar, com otimismo, que num futuro não muito distante os grandes pirarucus voltem a reinar nos lagos escondidos da grande floresta. Bom, se considerar que tive o privilégio de fotografar um destes grandes peixes, com 2,35 m e cerca de 140 quilos, nas mãos dos Paumari, este povo não está muito longe desse futuro. Bastam manter e aplicar as propostas que o Projeto Raízes do Purus, iniciativa coordenada pela OPAN e patrocínio da Petrobrás, estão trazendo para este povo de olhar ingênuo e coração imenso.


Fonte: national-geographic

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