Essa semana no Hoje na História - José Wilker

No hoje na história faz uma homenagem ao José Wilker.
Tiradentes, Tenório Cavalcanti e Vadinho. Um mineiro, um alagoano radicado na Baixada Fluminense e um baiano. Um herói, um bandido e um malandro. Assim, a cada hora com uma atuação diferente, José Wilker, morto inesperadamente no último dia 5, apareceu nas páginas da Revista de História da Biblioteca Nacional. Quando falamos de Inconfidência Mineira, lá está José Wilker interpretando Tiradentes em Os inconfidentes (1971), de Joaquim Pedro de Andrade. Quando fizemos um dossiê sobre os fora da lei que marcaram nossa história, lá está José Wilker como Tenório Cavalcanti em O homem da capa preta (1986), de Sérgio Rezende. Quando refletimos sobre a divulgação da religião africana pelo cinema nacional, lá está José Wilker nu, descendo uma ladeira como Vadinho, o saliente defunto de Dona Flor e seus dois maridos (1976), de Bruno Barreto.
Percorrer a trajetória do cinema e do teatro brasileiros é se deparar com a história política e cultural do Brasil. E nesta missão José Wilker foi ator duas vezes: primeiro, porque era artista talentoso; segundo, porque era extremamente ativo no ofício. Desde que estreou em frente às câmeras em 1965 – começou com o pé direito, ao lado de Fernanda Montenegro em A Falecida, de Leon Hirszman –, engrenou numa carreira incansável. Foram mais de 60 filmes e mais de 40 telenovelas em 69 anos de vida. Em 1970, o então jovem ator já era vencedor do Prêmio Molière com a peça "O arquiteto e o imperador da Assíria", escrita por Fernando Arrabal e dirigida por Ivan Albuquerque.
Dos longas-metragens que volta e meia aparecem em programações das aulas de história, muitos têm José Wilker no elenco, como Bye bye Brasil (de Carlos Diegues, 1979), sobre a ditadura civil-militar, e Guerra de Canudos (de Sérgio Rezende, 1997), no qual o ator interpreta Antônio Conselheiro.  Mas em 2011, quando o ator contou boa parte de sua biografia na série Depoimentos para a posteridade, do Museu da Imagem e do Som (MIS) do Rio de Janeiro, mostrou que ele mesmo já era assunto histórico. Além das curiosidades de bastidores, inspirações e opiniões, o depoimento mostra o quanto a própria vida de Wilker é interessante para as aulas de história.
Em um dos trechos do depoimento guardado no MIS, ele fala sobre sua aproximação e distanciamento do Partido Comunista quando ainda morava no Ceará: “Depois de tantos anos no Salesiano [colégio religioso], descobri que meu lugar era na juventude comunista, após ler O petróleo é nosso, de Godim da Fonseca. Fiquei lá até descobrir que era igual ao Salesiano, já que toda semana tinha uma reunião sobre críticas e autocríticas, e lá estava eu de novo me confessando”.
Quanto ao cinema no Brasil, ele, que chegou a ser diretor da Riofilme, lança uma pergunta que merece ser respondida em livros, teses e, claro, mais filmes: “A gente é muito melhor do que acha que é. Por que nós no Brasil não olhamos para a América Latina do jeito que ela olha pra gente?”.Cai o pano.
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