O chefe terrorista Carlos Marighela foi morto pela polícia com uma
rajada de metralhadora, numa noite de terça-feira em São Paulo, quando
tentava entrar num Volkswagen azul, na esquina das Alamedas Lorena e
Casa Branca, onde se encontraria com dois padres presos que serviam de
isca.
Carlos Marighela, que chegara ao local numa caminhoneta Willys, não
atendeu à voz de prisão que lhe deu o delegado Fleuri, do DOPS, e foi
atingido pela rajada no peito e na cabeça, enquanto os seus dois
companheiros reagiram a tiros, matando a investigadora Estela de Barros
Borges, que participava da operação.
A polícia descobriu a maneira de encontrar Carlos Marighela dias antes,
quando prendeu 11 padres num convento do bairro Paraíso. dois deles se
dispuseram a colaborar com a polícia na prisão de Marighela e
agacharam-se na parte de trás do Volkswagen quando o terrorista foi
atingido pela rajada da metralhadora.
Para prender Marighela, a polícia espalhou pelas imediações vários
casais de investigadores, que fingiam estar namorando. No momento em que
o terrorista e seus companheiros chegavam para encontrar-se com os
padres, a investigadora Ana Teresa Leite beijava um colega para ficar de
frente para o grupo subversivo.
Marighela ao ser morto trajava um terno cinza e uma camisa azul, além de
usar peruca castanha, que caiu no assoalho do Volkswagen quando ele foi
atingido. O DOPS e a Polícia Federal examinaram todos os prédios das
imediações do local onde ocorreu o tiroteio.
O subversivo, dos versos ao terror
Carlos Marighela, que completaria 58 anos no dia 5 de dezembro de 1969,
era filho de pai italiano e mãe negra. Nasceu em Salvador e entrou para o
Partido Comunista quando estudava Engenharia. Preso várias vezes, não
conseguiu terminar o curso, que abandonou no terceiro ano. Mas era aluno
brilhante e certa vez fez toda uma prova em versos.
O deputado
NO estado Novo, Marighela alternou tempos de prisão com períodos de
intensa atividade política clandestina. Anistiado em 1945, foi eleito
deputado federal pela Bahia na Constituinte de 1946, pelo Partido
Comunista, que recuperara a legalidade. Na Câmara, pertencenu à mesa,
como 4º secretário. Em menos de 2 anos pronunciou 195 discursos. Em 1947
seu mandato foi cassado, juntamente com o de seus 13 companheiros de
bancada. Voltou à clandestinidade e foi enviado para São Paulo, já como
um dos principais dirigentes comunistas brasileiros. Em breve estaria no
Comitê Central do PCB, e em seguida foi promovido ao Presidium e ao
Secretariado.
Prisão em 1964
Depois de alguns anos de atuação política aberta, os comunistas gozando
de plena legalidade de fato, Marighela mergulharia mais uma vez na
militância clandestina, após a vitória da Revolução (sic) de 1964.No dia
9 de maio daquele ano, foi localizado pela polícia dentro de um cinema
na Tijuca. Resistiu à prisão, lutou contra um contingente de policiais e
foi atingido por três tiros, um deles no peito. Depois de medicado e
interrogado no Rio, foi levado à São Paulo, para novos interrogatórios.
Deixou a prisão no dia 10 de junho, por força de um habeas-corpus. Em um
livro publicou sobre o episódio - Porque Resisti à Prisão -
Marighela assim se refere à viagem do Rio a São Paulo, feita na parte
traseira de um carro especial, todo fechado, para transporte de presos:
"Senti-me como Gagarin, quando realizava seu vôo espacial".
Rompimento
Em agosto de 1967, contrariando ordens do PCB, participou da conferência
da Organização Latino-Americana de Solidariedade (OLAS), realizada em
Cuba. Não concordava mais com as teses de seus companheiros de mais de
30 anos de comunismo, sobre a possibilidade de tomarem o poder por outra
via que não fosse a armada. Em Cuba publicou um artigo na Revista Pensamento Crítico,
atacando a passividade do comunismo pró Moscou e aderindo às ideias de
focos insurrecionais e de guerrilhas, defendidas por Régis Debray e
Ernesto Che Guevara. Alguns meses depois de voltar da Conferência da
OLAS, Marighela foi expulso do PCB e fundou o PCBR (Partido Comunista
Brasileiro Revolucionário). Para Prestes, seu chefe durante tantos anos,
deixara de ser um correligionário, transformando-se num "patriota equivocado".
Apontado como chefe de assaltos a bancos, com o fim de conseguir
recursos para a luta armada com que pretendia derrubar o Governo, vinha
sendo intensamente caçado, em vários Estados.)
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