Ontem na História:25 de abril de 1990: O jazz perde Dexter Gordon

O saxofonista Dexter Gordon, 67 anos, morreu no início da madrugada num hospital da Filadélfia, vítima de complicações renais. O músico sofria de câncer na laringe e seguia, desde a sua descoberta, um ano antes, em tratamento médico.
O grande público talvez se lembre dele pelo papel do saxofonista expatriado que quase lhe deu um Oscar por Round Midnight (1986), filme em que o francês Bertrand Tavernier homenageia os jazzmen americanos que em certa época viveram em Paris. Mas para os fãs do jazz, Dexter Gordon foi muito mais que isso: um músico que, tendo assimilado toda sorte de influências nos tempos do bebop, acabou se transformando numa das mais originais e influentes vozes instrumentais de toda música americana.

Nascido em Los Angeles, em 27 de fevereiro de 1923, desde menino, o jazz era o que de mais importante Dexter tinha na vida. Talvez por isso, tenha sido uma personalidade tão fascinante quanto a sua música. Na rua em que passou toda a infância, só se ouvia jazz. Logo começou a tocar gaita, clarinente, e aprendeu harmonia e teoria musicais. Nos anos 30, foi a vez de descobrir o sax, e ser descoberto por Lionel Hampton. De ouvidos atentos, Dexter percorreria os anos seguintes ligado no bebop, do qual seria o maior tenor. E não se tardaria a envederar um caminho original, transformando-se em uma das principais atrações das noites de Nova York.
Mas a partir dos anos 50, como tantos músicos de jazz, passou a viver tempos difíceis. As oportunidades reduziram-se a olhos vistos e a indústria musical não se mostrava interessada em gravá-lo. O próprio bebop, que lhe parecia definitivo, acabou cedendo vez ao cool. E Dexter sentiu-se fraco demais para entrar na briga. Foram tempos de sérios problemas com as drogas, com a polícia e o público. Por pouco, não chegou ao fim da linha.
E ao invés de continuar a assistir à sua e a agonia do jazz norte americano, Dexter fez como muitos outros músicos, que correram para a Europa em busca da sobrevivência. Foi na Dinamarca que recuperou fôlego, e onde permaneceu até 1977, quando voltou para os EUA para retomar seu lugar na linha de frente do jazz. Durante esse período na Europa, ele viajou muito, fez inúmeros espetáculos e gravou para selos europeus. Merecido retorno para o artista e seus admiradores.


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